Se regredirmos até ao século XX, no ano de 1995, exatamente 20 anos atrás, quando o MOVIMENTO DOS TRABALHADORES RURAIS SEM TERRA (MST) “hasteava” a bandeira do movimento, na grande imensidão do Estado do Mato Grosso mais precisamente na fazenda Aliança no município de Pedra Preta, no Sul do Estado, por ter em mente que a tal sonhada reforma agrária seria de certa forma facilitada e promissora, pois existiam e existem até hoje grandes propriedades improdutivas na mão de poucos latifúndios e terras devolutas.
Mas a facilidade e incentivo do governo vieram de encontro ao sonho dos trabalhadores do MST, beneficiando somente o agronegócio (os grandes pecuaristas/agricultores) visando lucro imediato nos impostos e, porque não dizer, que o agronegócio é o grande financiador das campanhas políticas.
Desde que o MST “desbravou” o Mato Grosso com o sonho da reforma agrária passaram-se quase três governos federais e cinco governos estaduais que deixaram apenas discurso vazio em favor da reforma agrária e da agricultura familiar, mas não fizeram nada de concreto.
Entre os cinco governadores do Estado somente Dante de Oliveira e agora Pedro Taques se interessou pela causa e aceitou receber o MST para dialogar e discutir a pauta de reivindicações tais como reforma a agrária, infraestrutura social e produtiva e outros.
O MST com 20 anos de muitas lutas e poucas glórias em Mato Grosso, que, até o momento foram 4.538 famílias assentadas em cinco regiões do estado totalizando 44 assentamentos. Mas a luta continua, há mais de duas mil famílias aguardando um pedaço de terra.
Mesmo com o baixo índice da reforma agrária o MST comemorou entre os dias 10 e 16 de agosto do corrente ano, os 20 anos no Mato Grosso. Está comemoração contou com diversas programações tais como: uma marcha com cerca de 600 pessoas, que deu início no Centro de Formação e Pesquisa Olga Benário Prestes, no Assentamento Dorcelina Folador, no município de Várzea Grande, passando pelo centro da cidade de Cuiabá até INCRA, onde permaneceu acampado; participou de reuniões com o governador do Estado e também como o novo superintendente do INCRA/MT, posteriormente acampou na área do Centro Esportivo João Balduino Curvo (mais conhecido como ginásio do Quilombo), montou uma feira de produtos orgânicos, show culturais, palestras de autoridades nacionais ligadas ao movimento de luta pela terra como João Pedro Stédile.
Em minhas andanças já ouvi chefes do poder executivo municipal dizer que assentamento prejudica o município e causa uma grande despesa, enganam-se eles, pois os municípios que possuem assentamentos, são os assentados que desenvolvem a agricultura família, gastam seus lucros no próprio município ao contrario do agronegócio que auferem lucros exorbitantes e vão aplicar em outros estados e até mesmo em outros países.
Como forma apressar a reforma agrária e de chamar atenção da sociedade e principalmente do governo. O MST ocupa até o momento quatro fazendas (Fazenda Rancho Verde em Cáceres, Fazenda Mutum em Glória D’Oeste, Fazenda Nossa Senhora Aparecida em Jaciara e Fazenda Dona Mercedes Sede II no interior do Mato Grosso), mas todas elas estão com reintegração de posso expedida pela justiça. Os trabalhadores aguardam apreensivos só à espera de mais uma vez que as forças policiais cumpram as reintegrações de posse e coloquem eles novamente embaixo de lonas pretas nas margens dos corredores e estradas por anos e recomeçar tudo de novo.
Sendo o MST um movimento popular e autônomo, está sempre buscando cumprir a função que for de melhor para os acampados sem terra com seu maior objetivo que é reivindicar uma vida digna e gozo de direitos como cidadãos brasileiros.
Não quero ser pessimista, mas deixando a emoção de lado e lançando mão da razão no ritmo que vai a morosidade dos órgãos publico noto que em um futuro próximo dificilmente o MST e outros movimentos de luta pela terra (MLT) lograrão êxitos em se tratando de reforma agrária no Brasil e em especial no Mato Groso.