Por falta de pagamento para empresas de locação, Polícia Civil usa carros comuns em operações
Um dos três envolvidos em um latrocínio (roubo seguido de morte) em um lava a jato, localizado no Bairro Consil, em Cuiabá, fugiu de um carro de passeio da Polícia Civil, veículo sem condições adequadas para o transporte de presos.
O suspeito P.A.A.N., de 26 anos, foi preso poucas horas depois do crime, mas conseguiu escapar da viatura, na região do Parque das Águas, no Centro Político e Administrativo.
Segundo a presidente do Sindicato dos Investigadores da Polícia Civil (Sinpol-MT), Edileuza Mesquita, com o recolhimento de cerca de 500 viaturas, a polícia precisou utilizar carros de passeio do modelo Gol para realizar trabalhos operacionais.

“Houve um contrato de locação de veículos de passeio que foi passado para a parte operacional. Grande parte das delegacias está trabalhando com veículo de passeio, um Gol, sem rádio de comunicação e sem grade para colocar os presos”, explicou.
O Governo do Estado deve R$ 13,5 milhões para as empresas que locam veículos para a Segurança Pública. Diante disso, cerca de 500 viaturas das polícias Civil e militar foram retiradas de circulação.
De acordo com ela, a falta de estrutura da viatura possibilitou a fuga do suspeito e ainda poderia ter prejudicado a integridade física dos investigadores.
Na ocasião, o criminoso estava algemado com os braços imobilizados nas costas e sentado no banco de trás.
“Os investigadores estavam fazendo um levantamento para encontrar os outros bandidos e com o latrocida atrás, para passar a informação de onde estavam os outros”, disse a sindicalista.
Quando os policiais se aproximaram da casa dos comparsas, o homem conseguiu fugir do veículo.
Mesquita revelou que se a viatura estivesse equipada com pelo menos com o rádio comunicador, a fuga poderia ter sido evitada. Ela também afirmou que, para prender o suspeito novamente, será ainda mais difícil.
“Se tivesse rádio de comunicação nesse veiculo, os investigadores teriam acionado o Ciosp [Centro Integrado de Operações de Segurança Pública] e pedido reforço na hora da fuga. Agora, o esforço é maior para estar localizando esse latrocida”.
Corregedoria
O novo diretor da Polícia Civil, Mário Resende, ainda disse que a Polícia deve abrir uma sindicância para analisar as circunstâncias da fuga e, se necessário, o caso será encaminhado para a Corregedoria para apuração.

Além disso, o delegado também afirmou que essa não é a primeira vez que esse tipo de fuga ocorre. No entanto, em sua gestão, ele afirmou que deve buscar recursos de emendas parlamentares para ajudar a solucionar o problema.
“A substituição dessas viaturas será feita por viaturas adequadas com gaiolas, algumas caminhonetes com aquele compartimento traseiro próprio para transporte de presos. E também estamos trabalhando emendas federais para aquisição de veículos já preparados de fábrica para o transporte de presos”, completou.
Relembre o caso
O empresário Adriano Figueiredo de Oliveira de 38 anos, morreu baleado após tentar impedir um assalto em um lava jato, no Bairro Consil, em Cuiabá. O crime ocorreu no início da manhã dessa terça-feira (15).
Na ocasião, um funcionário e o proprietário do estabelecimento foram rendidos e amarrados por três criminosos que exigiam a chaveda uma caminhonete S10.
Como o automóvel estava quebrado, os bandidos decidiram levar um Gol de um cliente do lava a jato. Neste momento, a vítima passava em frente ao local quando percebeu a movimentação.
A testemunha, então, jogou uma pedra nos criminosos, que revidaram atirando, baleando o empresário no peito.
Uma equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi acionada pelos vizinhos e socorreu a vítima, mas o homem morreu após dar entrada no Pronto Socorro de Cuiabá.