POVO INDÍGENA PARESÍ COMEMORA O RESULTADO DO 1º ENCONTRO DO GRUPO DE AGRICULTORES INDÍGENAS

“Queremos ser tratados de maneira igual”

Organização, capacitação e conservação de suas tradições, resultou numa sinergia de sucesso demonstrada durante os dias 11 e 12 FEV 19, no 1º Encontro do Grupo de Agricultores Indígenas, na aldeia Bacaval, localizada no município Sapezal/MT, cujo objetivo principal foi elaborar um documento, pleiteando ao governo federal, o licenciamento de área indígena para cultivar, de forma mecanizada, bem como desenvolver uma política agrícola indígena, com reserva de emenda parlamentar, criação de projetos do governo que ofereça financiamento e linha de crédito diretamente para os indígenas, sem qualquer intermediário. O resultado desse trabalho concretizou-se na quarta-feira, dia 13, onde se fizeram presentes o governador do estado, Mauro Mendes (Dem), a Ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina, do Meio Ambiente, Ricardo Salles, o Diretor de Promoção ao Desenvolvimento Sustentável da Funai, Fernando Melo, representantes do agronegócio, da bancada ruralista e indígenas de diversos estados do País.

Hoje, o povo Paresí , oriundo do tronco aruaque, formado por mais de dois mil índios, colhe os frutos de sua dedicação ao longo das últimas décadas. Tendo experimentado a miséria, por falta de alimento na própria Terra Indígena e o descaso dos órgãos públicos, os Paresí tomaram a decisão de não mais esperar daqueles que deveriam lhe assistir. Ao contrário, buscaram a solução na lavoura, trabalhando incansavelmente, nos últimos quinze anos. Dessa forma, a extrema pobreza foi se dissipando, dando espaço a uma qualidade de vida modelar. Hoje as mais de sessenta aldeias
Paresís vivem realidades que se pode intitular como “a conquista da dignidade-íntegra”. A Bacaval, onde se encontra a primeira cacique mulher no Brasil, Mirian Kazaezokaero, filha dos primeiros moradores daquela terra (Sr Joaquim e Sra Otilia), é a maior aldeia desse povo. Possui uma população de um pouco mais de cem índios, onde poucas casas são de palhas. Cada casa possui sua internet, TV a cabo e relógio de energia elétrica, com a sua devida conta no final do mês. Mas nada disso substitui o amor pela sua cultura e, sobretudo, o orgulho de dizer que é um Paresí .

O povo Paresí vem desenvolvendo a agricultura tanto na escala tradicional, quanto mecanizada de grande escala, dando ênfase à agricultura biológica, de maneira a reduzir a aplicação de agrotóxicos. Além da soja, eles plantam milho, arroz, feijão, girassol e algodão.

Na aldeia Bacaval se encontra doze tanques de piscicultura, que alimenta tranquilamente a aldeia, na falta de caça ou pesca. Boi, porco, galinha e outros animais também fazem parte dos projetos desenvolvidos pela aldeia.

O etnoturismo, também conhecido como turismo indígena, é outra realidade que vem dando certo, em parceria com a prefeitura, abrangendo seis aldeias locais: Wazari, Sal da Mulher, Utiariti, Salto Belo, Quatro Cachoeiras e aldeia Ponta de Pedra.

A Terra Indígena dos Paresís passa de um milhão de hectares. Seu maior embargo vem ser a dificuldade de conseguir financiamento para comprar máquinas, insumos e sementes, já que a terra não pode ser dada como garantia, por ser da União. Sendo assim, criaram uma cooperativa (COOPIHANAMA) de maneira que pudessem intermediar seus interesses como parceira na atividade agrícola. Outro impasse que encontram é a proibição (constitucional) de auferir lucro nas terras onde os índios têm o direito do usufruto.

Atualmente pode-se ver em uma das quatro grandes áreas cultivadas (cada uma com três mil hectares) colhetadeiras, plantadeiras e tratores. Arnaldo Zunizakae, coordenador do projeto, afirma que os veículos foram comprados com recurso próprio das aldeias e da cooperativa. Para movimentar esse agronegócio, 90% da mão de obra é do próprio povo indígena, incluindo técnicos e engenheiro agrícola e, somente 10% é mão de obra não indígena.

Nessa oportunidade, as autoridades levaram para Brasília, endereçada ao presente Jair Bolsonaro, o documento redigido pelos Parecis com os seguintes anseios:

1. aprovação de parcerias agropecuárias

2. demarcação de terras indígenas

3. fortalecimento da FUNAI

4. criação de comissão para elaboração de decreto para discussão acerca dos desafios e avanços na agricultura e pecuária em terras indígenas com a garantia da participação de representantes do grupo de agricultores indígenas

O posicionamento do presidente Bolsonaro, durante sua campanha eleitoral, foi de possibilitar a produção em terras indígenas, atualmente proibido, proporcionando dessa forma, o empoderamento e autonomia aos povos indígenas.

As autoridades tiveram a oportunidade de verificar, in loco, a operação das máquinas, por ocasião da colheita. Constatou-se que o modo de trabalho encontra-se em alto nível profissional, quanto ao uso de tecnologia e equipamentos.

O governador Mauro Mendes e o General Fernando Melo, disseram à primeira fonte que o projeto do povo Paresí está de acordo com o que o presidente Bolsonaro espera. No entanto, as propostas serão analisadas, de forma a pensar nas especificidades dos demais povos, pois nem todos estão inseridos na sociedade da maneira que os Paresís estão.

“Queremos ser tratados de maneira igual”, é a palavra de ordem desse povo que se libertou da escuridão da dependência de todos os gêneros, impondo sua dignidade e servindo de exemplo a diversas camadas da sociedade. Não deixaram de ser índios e cultuar suas tradições. Não deixaram de falar sua língua. Apenas cansaram de sofrer, sabendo que suas necessidades não seriam atendidas.

Ouça o trecho da entrevista que a primeira fonte fez com o Governador Mauro Mendes:

  • Exposição das proposta do evento. Presente indígenas de todo o País.

Um comentário sobre “POVO INDÍGENA PARESÍ COMEMORA O RESULTADO DO 1º ENCONTRO DO GRUPO DE AGRICULTORES INDÍGENAS”

  1. Imprescindível que os índios do nosso Brasil sejam tratados com dignidade e, sobretudo, como cidadãos brasileiros comuns com oportunidade para se desenvolver de forma sustentável. Parabéns ao povo Paresi. Orgulho da nossa Nação!

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