A Associação Yamurikuma das mulheres Xinguanas participou da Conferência municipal de saúde, que aconteceu no município de Canarana/MT. As mulheres indígenas do Xingu reivindicaram melhores atendimentos dos pacientes indígenas na região, até porque o município atende também o povo xavante da terra indígena Pimentel Barbosa.
Outro ponto defendido por Kaiulu Rodarte Kamaiura, presidente da Associação, é a não municipalização da saúde indígena.
Ao final da conferência, surgiram propostas ao poder público, segundo a presidente da Associação das Mulheres Xinguanas, dentre elas destaca-se:
Implantação do Programa de Saúde da Família Indígena – PSFI, visando uma unidade de saúde que deve ser a porta de entrada dos pacientes indígenas, pois o modelo tradicional não atende à demanda e as especificidades da população indígena residentes em Canarana, procedentes das quatros regiões do Xingu. Devido ao aumento populacional de indígenas no contexto urbano no município de Canarana, e com objetivo de sistematizar a crescente demanda de pacientes indígenas por atendimento qualificado, específico e resolutivo. A Secretaria Especial de Saúde Indígena/SESAI foi criada para fornecer atendimento básico aos indígenas aldeados, portanto não se estende aos indígenas do contexto urbano. Por isso, a Associação, entende que há necessidade de se criar o PSFI específico para os indígenas moradores de Canarana.
Segundo Kaiulu, os indígenas têm dificuldade de acessar as unidades locais de saúde, pois o sistema local não atende as peculiaridades dos indígenas, também como a equipe que não está familiarizada em atender o tipo de paciente. Não é raro os indígenas relatarem o preconceito e a discriminação que sofrem praticados por funcionários da unidade de saúde e usuários não-indígenas. Por essa razão a maioria não procura a unidade local do bairro onde mora, acabam procurando o serviço de saúde da SESAI/DSEI Xingu/CASAI, desta forma, aumenta demanda, sobrecarrega o fluxo de atendimento da equipe da CASAI.
Outro problema enfrentado pelos indígenas é a falta de acompanhamento regular de pacientes portadores de doenças crônicas, principalmente, os que têm Doenças crônicas não transmissíveis (DCNTs). Pacientes deixam de procurar o serviço de saúde por desconhecimento ou por necessitarem de auxílio para chegar até a unidade. Dessa maneira fica prejudicado o seu tratamento.
O PSFI irá complementar o atendimento existente fornecido pela SESAI/DSEI Xingu/CASAI. Segundo, Kaiulu, “Esperamos que com criação do PSFI a procura pela assistência na CASAI diminua. Outro ponto que devemos destacar é: o paciente indígena se sentirá mais confortável sabendo que não será discriminado pelo simples fato de ser “índio”, disse a presidente.
Os objetivos principais de se criar o PSFI são:
• Contribuir para a organização da atenção básica ofertada aos moradores indígenas tendo como eixo de modelo assistencial preconizado pela Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas;
• Fornecer atendimento diferenciado, específico, de forma acolhedora;
• Ser a porta de entrada para pacientes moradores da cidade, facilitando o acesso aos serviços locais de saúde;
• Realizar atividades educativas em saúde: com destaque em prevenção da doença e promoção da saúde, integrando as práticas preventivas e educativas, mais próximo da realidade da população;
• Interagir com os serviços locais de saúde nos seus diferentes níveis de atenção a saúde com o objetivo de fazer a coordenação do cuidado.
Parabéns mulherada guerreira. Tem que reivindicar mesmo.
Chega de enrolação.