Defendo que os índios façam o que quiserem com suas terras, diz deputado José Medeiros

Em audiência pública realizada na última semana, em Brasília, durante o Acampamento Terra Livre, o vice-líder do Governo do Presidente Jair Bolsonaro, deputado José Medeiros (Pode) defendeu que as terras indígenas sejam utilizadas conforme a vontade dos nativos. O parlamentar criticou a atuação de ONGs, que supostamente se aproveitam da bandeira indigenista para movimentar fortunas, o que o deputado nomeia como “boquinha”.

“O Estado está intervindo demais, porque em casos como estes onde os indígenas querem ter autonomia sobre suas terras, o Estado não permite. E não permite boa parte por causa deste aparelhamento ideológico que tem que ter alguém tutelando os indígenas. Fui vaiado por isso. Agora, que boa parte destas pessoas não querem os índios com autonomia porque vão perder a boquinha de ganhar dinheiro, isso é verdade”, aponta.

Medeiros cita a situação da etnia Parecis, que em Mato Grosso, há 15 anos cultiva soja. “Os índios Parecis não mexem mais com atravessadores. No dia em que Xavantes e outros também decidirem fazer o mesmo, esse povo perde a boquinha. Lá (na Câmara) disseram que eu estava defendendo que houvesse uma exploração econômica das terras indígenas, distorceram a minha fala”.

O parlamentar argumenta, que ao defender a utilização das terras indígenas, não está indicando que as reservas sejam beneficiadas por não indígenas. “Defendo que os índios façam o que quiserem com suas terras. Não estou defendo que brancos se utilizem de suas terras. Estou defendendo que quem quiser ficar o dia inteiro sentado de papo pro ar sem fazer nada, que fique. E que o Estado pare de mandar dinheiro. Não vá lá. Que ninguém se meta nas terras deles. Agora, aquele que quiser produzir, que possa ter todas as garantias que o Estado não vai intervir”.

Durante a audiência, Medeiros chegou a ser interpelado pela liderança Tuíra Kaiapó, que disse para o governo não alterar as políticas dos povos indígenas tanto com alterações na Funai ou na saúde pública que contempla as aldeias.

“Aí eles usam essa senhora lá, que é uma figura caricata, que entendeu muito bem o que eu falei em Português, mas ela se mete a falar em Kaiapó para chamar atenção. É um circo armado. É um teatro. Eu não estou lá para agradar ninguém. Estou lá para agradar Mato Grosso”, criticou o parlamentar.

Medeiros questiona se os que defendem a política indigenista pauta pela preservação e produção autossustentável, também se agradam quando indígenas bloqueiam rodovias e cobram pedágios. “Agora se continuar essas coisas, essas mesmas pessoas que estão defendendo que eles devem produzir nada econômico, são os mesmos que apoiam que os índios invadam as rodovias para cobrar de pedágio a cada carro que passa, R$ 50. Se não quer o econômico, pra quê pedágio então”, pontua.

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