Com café de altíssima qualidade, e pronto para exportação, povo Surui comemora resultado do concurso TRIBO/2019

Resultado de um trabalho voltado para o cultivo de café orgânico, com orientação técnica da EMPAER/MT e incentivo da FUNAI, o povo SURUI, localizado entre os estados de Mato Grosso e Rondônia, destacou-se no concurso TRIBOS, 1ª edição, realizado em Rondônia, no último dia 12, pelo grupo Três Corações. Com o apoio da EMBRAPA/RO, FUNAI, EMATER/RO, SECRETARIA DE AGRICULTURA DE ALTA FLORESTA/MT e de CACOAL/RO e CÂMARA SETORIAL DE CAFÉ, o projeto foi idealizado com a finalidade de incentivar a continuidade da qualidade do produto, de forma sustentável, mantendo a preservação da floresta e da cultura indígena, dando dessa forma, protagonismo aos indígenas.

O evento contou com 64 amostras, do total, 61% foi categorizado com status de café especial, atingindo nota acima de 8,00.

Sagrou-se campeão da 1ª edição do concurso TRIBOS, levando um prêmio de R$ 25.000,00, Yami Xarah Surui, da aldeia Tikã, em Cacoal/RO. Inicialmente seriam premiados apenas os três primeiros lugares mas, devido ao alto nível apresentado no evento, os organizadores resolveram premiar até a quinta colocação.

Na busca da “morada do fato”, o site Primeira Fonte de Notícias e Pesquisas, visitou as aldeias Apoena Meirelles, Henrique e Betel, todas pertencentes à etnia Surui, a fim de conhecer tal projeto cafeeiro, que esse povo herdou dos antigos colonos que ocuparam suas terras, até a década de 1980. À época, não detinham o conhecimento do cultivo do café robusto (Coffea Canephora), tal habilidade foi sendo conquistada a partir de inúmeros erros-e-acertos, sempre optando em preservar as características in natura do produto, destacado pelo seu amargor, aroma perfumado, acidez e doçura diferenciada.

Fruto do estilo de plantio adotado, somado à busca de uma melhor preparação da terra, da colheita, da secagem e da separação manual dos grãos, faz com que hoje, os suruis sejam referência de um produto voltado para consumidores [nacionais e internacionais] exigentes. Por essa ótica, a empresa Três Corações tem investido em capacitação e equipamentos diretamente na aldeia, como ocorre na Apoena, com o cafeicultor Tomé Suruí, que participou do concurso TRIBOS. Somente na aldeia do Tomé há oito mil pés, com a venda comprometida para a Três Corações, empresa responsável em certificar o café como orgânico. Não só a produção do Tomé, mas de todos os seus parentes Suruis estão reservadas para essa empresa, com o preço superior ao do mercado normal.

É visível perceber que o negócio está dando certo. Nas visitas in loco, notou-se o envolvimento de toda a comunidade, independente do gênero e idade, em prol do café. Outra percepção notada ficou por conta do entusiasmo e do orgulho marcado nos semblantes de todos envolvidos, vez que assim, os Suruis sentem o pulso da brasilidade bater mais forte, pois estão contribuindo com a sociedade e representando o país no cenário internacional.

Para o povo Surui, 2019 marca o auge do produto que deu visibilidade à etnia, por coincidência, ano que marca meio século de contato com os “brancos”. Motivo não falta para comemorar. O período manso e pacífico vivido hoje, é resultado de um cenário temporal marcado por luta em reconhecimento ao seu espaço, à cultura e língua, como bem dito por Manoel Surui, cacique da aldeia Betel, e que participou da consolidação do território do seu povo. Ainda assim, hoje, frente às benesses da tecnologia e facilidade oferecida pelo modismo barato, o maior desafio é manter viva nossas tradições culturais, acrescentou Manoel.

À vista política, esses índios estão em sintonia com o governo federal, visto que Bolsonaro sustenta ser inadmissível o índio viver extremamente com dificuldade, vivendo em terras abundantes. Parabéns ao povo Surui, que sua iniciativa, seu senso de empreendimento e sua vontade de trabalhar seja modelo para muitos brasileiros! 

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