Desocupação do Garimpo de Aripuanã

Sem resistência, garimpeiros só pedem o direito de retirar seus maquinários.

Em 26 de setembro de 2019 aconteceu a primeira fase da Operação Trypes para investigar irregularidades na extração de ouro em garimpos do MATO GROSSO.

Cerca de 60 (sessenta) Policiais Federais (PF) cumpriram 16 (dezesseis) mandados de Busca e Apreensão, 02 (dois) mandados de suspensão de atividade econômica, 02 (dois) mandados de bloqueio de contas e 06 (seis) mandados de prisão preventiva em municípios como JUÍNA/MT, ARIPUANÃ/MT, ALTA FLORESTA/MT e PARANAÍTA/MT.

Na madrugada desta segunda-feira (07 OUT) deu-se início à 2ª fase da Operação, cujo objetivo específico, de acordo com a PF, é cessar as atividades no garimpo localizado na serra do Expedito. Não há portanto, mandados de prisão contra nenhum garimpeiro.

Sem previsão para deixar a área, agentes da PF, Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Renováveis (IBAMA), Secretaria Estadual de Meio Ambiente (SEMA), Força Nacional e agentes de segurança do estado, que somam mais de 200 profissionais, atuam na região da serra, proibindo o retorno daqueles que descem do garimpo.

A saída dos garimpeiros está sendo de forma ordeira e pacífica, sem qualquer objeção às ordens das autoridades. Ainda assim, sem saber grandes detalhes, um homem, conhecido por Zé Maria, foi morto por policiais e uma mulher foi atropelada por uma viatura.

Materiais de trabalho ficaram para trás dando, tão somente, a oportunidade de saída com os pertences pessoais. E essa é a única reivindicação apresentada pelo povo que dali abstrai seu sustento. São ferramentas como marteletes e moinhos, que foram comprados de forma parcelada, e que estão prestes a serem destruídos.

A descida de mais de duas mil pessoas, sem qualquer planejamento da prefeitura local, está fazendo com que a população do garimpo albergue-se em suas ruas, calçadas, rodoviária, posto de combustível e até no Parque de Exposição da cidade. São famílias com crianças ao relento, que dependem até de banheiro para necessidades básicas.

Muitos, sem dinheiro para voltar a sua cidade de origem, se perguntam: o que vamos fazer agora?

Vereadores da cidade convocaram uma sessão extraordinária para defender a causa garimpeira. Pela manhã desta terça-feira ocorreu uma passeata, saindo do Parque de Exposição até o Fórum local, onde participaram garimpeiros, comerciantes e representante de diversas categorias, buscando sensibilizar as autoridades a uma possível negociação para legalização da área ou, pelo menos, para que se evite a destruição sumária de seus maquinários, dando oportunidade para a retirada dos mesmos.

Funcionando em grande escala desde outubro de 2018, naquela época houve uma Audiência Pública, em Aripuanã, para tratar exclusivamente do assunto, onde a Polícia Federal deu um ultimato para que todos saíssem, de forma espontânea, antes da subida deles, programada para os próximos dias, o que não ocorreu.

Em que pese a irregularidade da atividade, o garimpo de Aripuanã trouxe um aquecimento considerável para o comércio da cidade, que andava desmotivado. Hoje, lojas não param de abrir, rede hoteleira sempre lotada, empregos vão aparecendo e a roda econômica vai girando. Em razão dessa transformação mercantil, o município veio se adequando para atender as demandas dessas pessoas, oriundas de diversos rincões do Brasil afora.

 Em recente visita ao garimpo de Aripuanã, o site Primeira Fonte Notícias e Pesquisas, constatou que ao garimpeiro é atribuído um estereótipo que não condiz com a sua realidade.        Lá ouvimos dizer que “garimpo é terreno para trabalhador, e que preguiçoso e conversador não prosperam”.

Tentando vencer os obstáculos infindáveis para a criação de uma cooperativa, baseado no estatuto dos garimpeiros (lei nº 11.685, de 2 de junho de 2008), conhecemos pessoas voltadas para o bem comum, desenvolvendo projetos sociais como orientação para retirada de documentos, bingo beneficente, campeonato de futebol, e ainda, a criação de uma igreja evangélica, sob coordenação da Sra Tiana.

Com previsão de entrada em atividade, já em 2020, a empresa Nexa Resources (ex-Votorantim Metais) está desenvolvendo um projeto mineral na área próxima ao garimpo. O investimento consiste na implantação de uma mina subterrânea para produção de 65 mil toneladas de zinco, 25 mil toneladas de chumbo e 4 mil toneladas de cobre, ao ano, não contemplando, portanto, a retirada de ouro.

  • Saída pacifica dos garimpeiros
  • Polícia Federal no Garimpo de Aripuanã
  • Viaturas de prontidão
  • Vista aérea do garimpo
  • Helicóptero participando da operação
  • Passeata em frente ao Fórum
  • Slogan do Garimpo Social

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