Além dos assassinatos, outros dois jovens ficaram feridos e estão internados. A suspeita é que os crimes ocorreram em uma suposta disputa pelo controle do tráfico de drogas
A Polícia Civil afirmou que está com dificuldades para investigar o caso dos três jovens assassinados na noite de sexta-feira (3) em Colniza, a 1.065 km de Cuiabá. Entre os problemas, está a falta de efetivo. A cidade não tem juiz e delegado.
De acordo com informações das Polícias Militar e Civil, os crimes ocorreram em duas casas na região central da cidade. Além dos assassinatos, outros dois jovens ficaram feridos e estão internados.
Três das vítimas foram identificadas como Mateus, de 23 anos, Ronei Vitorino da Silva, de 25, e Adenilson Figueiredo Magalhães, de 23 anos.
Até a manhã desta segunda-feira (6) nenhum suspeito do crime havia sido preso.
A diretoria da Polícia Civil informou que está tratando com o governo uma solução para resolver a questão do efetivo, mas que tem buscado atender os municípios, sem deixar de prestar os serviços necessários à população.
Já a Poder Judiciário disse que nesse período de recesso, os casos urgentes são atendidos por juízes plantonistas e reconheceu que atualmente há um déficit de 30 juízes no estado.
Um concurso público deve ser realizado para o preenchimento de nove vagas.
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A região é conhecida pela população por ser uma ‘terra sem lei’. Em 2017, nove pessoas foram assassinadas em uma chacina. No mesmo ano, o prefeito de Colniza também foi assassinado.
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O município de Colniza já foi considerado o mais violento do país em 2007, segundo levantamento do Mapa da Violência.
Em janeiro de 2019 o município registrou mais um caso violento: nove pessoas foram baleadas na Fazenda Agropecuária Bauru (Magali) em um suposto confronto entre posseiros e seguranças.
À época, quatro seguranças da fazenda acabaram presos, mas logo depois foram soltos.
A representante da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Inaita Gomes Arnhold, ressaltou que sem juiz e sem delegado na cidade, a sensação de impunidade aumenta e favorece o cometimento de crimes mais graves.
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Os assassinatos
Segundo a polícia, a suspeita é que os crimes registrados no fim de semana ocorreram em uma suposta disputa pelo controle do tráfico de drogas em Colniza.
Essa é a principal linha de investigação dos policiais. Armas e porções de droga foram encontradas nos dois locais dos assassinatos.
O primeiro crime ocorreu por volta de 18h30 (horário de Mato Grosso) e os demais cerca de uma hora depois. De acordo com a PM, moradores denunciaram que ouviram disparos em uma casa Rua das Mangueiras, no Centro da cidade.
Nesse local os policiais encontraram Mateus sentado no sofá da sala. Ele havia sido baleado e degolado por criminosos. A polícia encontrou uma pistola na cintura dele. Na cozinha a PM encontrou Ronei. Ele estava caído e apresentava ter sido baleado e esfaqueado.
Uma terceira pessoa havia se trancado no banheiro. Ele estava com um corte no pescoço e foi socorrido pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).
Em outra casa, também na área central da cidade, foi encontrado o corpo de Júlio Amorim dos Santos, 23 anos.
Vizinhos disseram aos policiais que vários homens chegaram em motocicletas e entraram na residência. Logo em seguida os disparos foram feitos e eles fugiram na sequência.
Uma quarta vítima estava na casa e conseguiu pular o muro pelos fundos. Essa pessoa também teria sido baleada e pediu socorro, no entanto, não foi localizada pela polícia.
Fonte: G1 MT