Veja na íntegra a nota publicação da denúncia:
“Nesta segunda-feira, 8 de julho de 2024 por volta das 4 horas da manhã, o
Acampamento Palestina Livre, localizado dentro do Assentamento Egídio Brunetto, Município de Juscimeira-MT, ou seja, área particular cedida para o mesmo, foi invadido, em uma operação truculenta, por vários agentes das forças policiais do Estado de Mato Grosso, sendo: Força Tática, GOE, DHPP, ROTAN, Patrulha Rural, Polícia Militar, Polícia Civil (essas são algumas das que foram possível identificar).
Segundo o Comandante Handson, “essa operação era para capturar e prender
Rafael Amorim de Brito, um bandido foragido e perigoso da qual suspeitavam que estivesse no acampamento”. A ação foi de forma violenta, com torturas psicológicas, físicas e com danos em mais de 60 barracos, os quais detalhamos abaixo: As famílias foram brutalmente acordadas durante a madrugada, onde receberam ameaças e foram levadas para o barracão comunitário sem saber o que estava acontecendo, um morador em especial foi pego e questionado para que dissesse onde estava o bandido, e mesmo sem nada saber, foi acusado de estar mentindo, foi chamado várias vezes de vagabundo e o ameaçaram, dizendo que dariam “uma taca” para ver se
ele falava. Ainda, em um momento das ameaças um dos policiais deu um soco nas costas do mesmo.
Outro morador, que suspeitavam que poderia ter informações sobre o procurado, foi buscado no seu local de trabalho, em um frigorífico na Vila Nova, em Juscimeira, trazido de camburão, o levaram numa estrada à margem do Rio Prata e fizeram muitas ameaças, o mantiveram sentado ao chão sobre muita pressão e afirmavam que o mesmo estava junto com o procurado no domingo, e ao mostrar no celular a foto do amigo com quem realmente esteve, os policiais perceberam que não tinha semelhança, nesse
momento o levaram de volta ao seu trabalho, depois de toda a humilhação e ameaça.
Em outra situação, um policial ao chegar no barraco de uma família, saiu o pai, a mãe e uma adolescente de 14 anos assustados, o policial de forma truculenta e arrogante pediu somente para a adolescente levantar a blusa, numa atitude de assédio e de total falta de respeito.
Mais de 60 barracos foram arrombados e tiveram as lonas cortadas em vários locais, mesmo os que estavam fechados com cadeado para fora, outros nem porta tinham, outros as pessoas estavam no barraco e prestaram as informações e mesmo assim tiveram as lonas cortadas. Essa atitude demonstra o total despreparo e desrespeito das forças policiais em lidar com trabalhadores e trabalhadoras que lutam pelo acesso à terra.
Cada barraco conta com mais de um corte na lona, sendo que de imediato já viam que não tinha ninguém dentro. Uma moradora relata “É verdade que são barracos, mas é a nossa casa, compramos as lonas e agora, quem vai nos dar outra?” Além de toda truculência com as famílias acampadas, fecharam a MT 373 em frente ao acampamento impedindo muitas pessoas de irem ao trabalho na cidade e região, igualmente, o ônibus escolar não pode passar e as crianças do Assentamento Beleza e Egídio Brunetto foram impedidas de irem às aulas.
Mais uma vez o APARATO POLICIAL DO ESTADO DE MATO GROSSO
age com truculência e preconceito contra as famílias Sem Terra do MST, que estão na luta reivindicando junto ao INCRA e ao Governo Federal seu direito constitucional a ter um pedaço de Terra para viver e produzir alimentos. O acampamento é uma luta legítima para que a Constituição Federal seja cumprida, onde as terras que não estão cumprindo
sua função social sejam desapropriadas para fins da Reforma Agrária.
Quanto será que essa operação custou aos cofres públicos? Porque será que a Polícia continua agindo e tratando trabalhadores como bandidos com aval do Governo do Estado? Desta forma, tendo-se em vista que nossa luta é legítima, onde vivem no acampamento mulheres, homens, crianças e idosos, trabalhadores e trabalhadoras sem terra, que acreditam na justiça e que, portanto, pedimos que seja apurada todas essas irregularidades cometidas pelos policiais com aval do Governo do Estado de Mato
Grosso, nessa operação desastrada e solicitamos também que a SETASC/MT reponha as lonas que foram rasgadas pela ação truculenta dos policiais.“
Atenciosamente,
Direção Estadual do MST- MT