Por Jermesson Santos
Pelo terceiro ano consecutivo, o dia 29 de junho iniciou-se com festividade para a comunidade umbandista e candomblé de Cuiabá, que recebeu outros integrantes de diversas cidades do estado.
Reunidos na Casa Cuiabana, desde 05:00h, onde degustaram um café da manhã coletivo e iniciaram suas cantigas, seguiram para a igreja do Rosário/São Benedito, para dar início à cerimônia, que arrastou quase mil pessoas.
O evento contou com a participação do vice-prefeito cuiabano, Niuan Ribeiro (PSD) e do vereador Delegado Marcos Veloso (PV), principal articulador na aprovação do evento como atividade oficial do calendário da cidade de Cuiabá, a partir de 2019.
Se fez presente, ainda, o padre Pedro Canísio, responsável pela igreja do Rosário, e o Sheik Abdussalam Almansori, personalidade já conhecida pelos cuiabanos, por coordenar a única mesquita do estado.

Em entrevista à Primeira Fonte, o sheik Abdussalam ressaltou que o seu Deus [Allah], e daqueles irmãos ali presentes é o mesmo, com denominação diferente, por isso identifica muitas coisas em comum, como pregar a paz e o amor ao próximo.
Migrantes, praticantes da religião afro, também participaram da festa, a exemplo da venezuelana Rosbeli, que vive no Brasil há dois anos.
A bandeira da paz, desfraldada em meio ao cortejo, tremulava com pedido de tolerância e paz para a sociedade. Nesse clima, seguiam 27 sacerdotisas (mães de santo), com as quartinhas brancas de lavagem, preparando a entrada da “Mama África”, a simpática senhora Francisca Sales da Silva.
Comunidades quilombolas se fizeram presentes, assim, como grupos de capoeiristas e a imortalizada foto do patrono da Lavagem – Antônio Mulato, filho da comunidade quilombola Mata Cavalo, que viveu até seus 113 anos, nos deixando ano passado.

Antes porém, da lavagem da escadaria, nas portas da igreja, pombas foram lançadas como gesto de liberdade. Liberdade para pensar diferente, liberdade para ser diferente.
Construída em 1725, pelos escravos, a igreja do Rosário e São Benedito contem o espaço genuinamente africano, que descendentes de quilombolas se identificam desde seus ancestrais.
“A lavagem da escadaria significa limpeza [da alma] para acolhimento [do próximo]”, disse o padre Pedro.
Pelo terceiro ano, o evento mostrou que veio para ficar. O reconhecimento como ato cultural cuiabano, é fruto da solidez afro religiosa em nossa cidade. O povo ganha, a cidade cresce e a religião se fortalece.