O SINTRAF – Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura Familiar de Nortelândia foi criado em 16 de setembro de 2007 pelos assentados do Projeto de Assentamento Raimundo da Rocha, como uma associação de agricultores e agricultoras familiares, constituída por prazo indeterminado, sem fins lucrativos, com autonomia administrativa, financeira e política exercida na forma de seu estatuto social, com a finalidade de estudar, coordenar, desenvolver, defender, proteger e representar legalmente a categoria da agricultura familiar naquele município.
Segundo seu coordenador, Josafá Santos da Rocha, o SINTRAF foi pensado para atender o advento da Agricultura Familiar enquanto categoria sindical e como forma de quebrar o monopólio exercido pela FETAGRI, que através de seus sindicatos de trabalhadores rurais tem criado divergências nos assentamentos e explorado mais do que ajudado aos trabalhadores e trabalhadoras rurais.
Atualmente o SINTRAF conta com cerca de 1600 associados espalhados pelos municípios do médio norte mato-grossense circunvizinhos a Nortelândia, entre eles Tangará da Serra, Nova Mutum, Barra do Bugres, Nova Olímpia, Denise, Arenápolis, Nova Marilândia, Santo Afonso, Diamantino, etc…
Diante da situação caótica pela qual passa o município de Nortelândia, sem disponibilidade de postos de emprego para sua juventude, induzindo os jovens filhos da terra ao uso de entorpecentes e à prostituição infantil, o SINTRAF entrou com o requerimento, junto ao Incra, para implantação de um assentamento rural na Fazenda Camargo, localizada naquele município.
É importante que o leitor não prejulgue tal requerimento como um ato alienado e político, pois a Fazenda Camargo é um grande latifúndio, tem cerca de 68.000 hectares e ocupa 51% da área do município.
Conforme Josafá, esse gigantesco latifúndio não cumpre a função social da terra, pois o que ocorre nela é o desmatamento inconseqüente, a extração e comercialização da madeira; a transformação das terras férteis e agricultáveis em pastos; a exploração e extração de diamantes nos leitos dos rios provocando assoreamentos; e a exploração dos recursos hídricos pela construção de hidrelétricas, causando forte impacto ambiental na região.
Além do mais, seus proprietários exploram apenas cerca de 23.000 dos 68.000 hectares, e devido a pratica de pecuária intensiva, com o confinamento do gado, a Fazenda Camargo emprega apenas 150 funcionários.
Podemos concluir, portanto, que a Fazenda CAMARGO não tem gerado benefícios para o município, apenas ônus.
Com o Projeto de Assentamento o SINTRAF espera empregar os filhos da terra e gerar divisas para o município.
No entanto Josafá é bem claro ao afirmar que não tem interesse nas benfeitorias da fazenda Camargo, tampouco tem interesse em invadi-la ou praticar qualquer agressão a seus proprietários ou funcionários, o que deseja apenas é a desapropriação da área não explorada pelos proprietários para fins de reforma agrária.
Josafá diz que o SINTRAF não vai interditar estradas ou rodovias como forma de protesto, caso o Incra não atende seu pleito. Demonstrando desilusão com os políticos do município Josafá desabafa, e pergunta “foi justo eles pegarem dinheiro da Camargo para se elegerem? Será que foram eleitos pela Camargo ou pelos trabalhadores e trabalhadoras de Nortelândia? Por que não fazem nada para ajudar o movimento pela desapropriação da fazenda Camargo? Queria que tomassem vergonha na cara!”