ACUSADOS POR QUEIMA DE PONTE, ÍNDIOS MANOKIS SOFREM REPRESÁLIA EM BRASNORTE

A ponte queimada sobre o rio Membeca, na MT 488, no dia 23 de março, em Brasnorte/MT, vem causando transtornos para o povo Manoki, que até então, mantendo seu estilo de vida peculiar, vivia sem qualquer preocupação.

Sem prova verídica, os Manokis, foram acusados por produtores locais, via redes sociais, de atearem fogo na ponte usada para o escoamento da safra daquela região. A ponte em questão proporciona o acesso da área até as cidades São José do Rio Claro e Nova Maringá.

Os índios da região convivem com a presença de fazendeiros que criam gados e cultivam soja, milho e algodão nas proximidades de suas terras. Mas também convivem diariamente com a presença de pessoas que ilegalmente invadem seu território para retiradas de árvores.

Da mesma forma, o escoamento dessas madeiras, quase sempre itaúba, cedro e peroba, são feitos pela ponte incendiada. A área de litígio já foi reconhecida como território indígena e, atualmente, aguarda o término da fase de homologação junto à FUNAI.

O indígena Geovani, da aldeia Cravari e uma das lideranças de sua etnia, afirmou que no dia do ocorrido, todo o povo Manoki estava em luto e a maioria da população encontrava-se participando do funeral do Padre Thomáz (um dos maiores defensores da causa indigenista na região), em Brasnorte, a 180 km da ocorrência.

A falsa acusação vem trazendo reflexos negativos até mesmo na cidade. Nesta terça-feira (02/04), pela manhã, o ônibus que levava os Manokis até Brasnorte, para receber seus salários e fazer compras, foi alvo de vandalismo, por pessoas ainda não identificadas.

Os índios buscam, junto aos órgãos competentes, a responsabilização da pessoa que divulgou o vídeo nas redes sociais, acusando-os como autores do incêndio da ponte.

De fato, a Terra Indígena dos Manokis é usada para retirada ilegal de madeiras e tal ocorrência já foi denunciada ao IBAMA e outros órgãos federais, por representantes indígenas locais.

A calúnia formulada por uma pessoa autoidentificada por Agnaldo, via redes sociais, fez com que os índios procurassem a Justiça Federal para desvendar tal crime, bem como reparar a honra de toda população indígena local, ora usurpada.

Em entrevista à Primeira Fonte, Geovani comentou que, em que pese tal ocorrido, do dia 22 de março até hoje, centenas de árvores foram preservadas, deixando de alimentar o submundo do mercado ilegal madeireiro.

A região tem uma população indígena em torno de 500 habitantes, dividida em 07 aldeias: Cravari, Paredão, Asa Branca, 13 de Maio, 12 de Outubro, Perdiz e Recanto do Alímpio.

  • Imagem da localização exata da ponte

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